Experiência de monitoramento participativo das águas do São Francisco realizado em BH será apresentado no IV SBHSF

06/09/2022 - 10:03

A partir do conceito de educação ambiental, uma iniciativa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) alcançou 54 escolas de ensino básico no estado, totalizando o envolvimento de 155 professores e 1.810 estudantes dos ensinos Fundamental I, II, Médio e Técnico no projeto de monitoramento participativo das águas da bacia do Rio São Francisco.

A ação aconteceu entre os anos 2013 e 2017 com foco nos afluentes do São Francisco, rios Paraopeba e das Velhas. Foram avaliados 46 ecossistemas aquáticos compreendendo parâmetros físicos e químicos de coluna d’água, indicadores biológicos e utilização de condições de referência. Segundo um dos pesquisadores responsáveis pelo projeto, Marcos Callisto, a atividade cumpriu o objetivo de gerar entre os jovens mais do que consciência ambiental – a ideia foi gerar também conhecimento e senso crítico. O trabalho foi construído em parceria com a professora e pesquisadora Juliana Silva França.

“Levamos para dentro das salas de aula assuntos de educação ambiental, ecologia e meio ambiente, trabalhando com os estudantes abordagens multidisciplinares para tentar oferecer a eles não só engajamento, mas fortalecer as bases conceituais. Levamos eles para os rios e demos ferramentas para que eles próprios fizessem avaliações da qualidade da água; isso é o que chamamos de monitoramento participativo tratando de educação ambiental nos rios das Velhas e Paraopeba”, explicou o professor da UFMG, Marcos Callisto.

O professor será um dos palestrantes do IV Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e irá contar a sua experiência com o monitoramento participativo das águas dos rios urbanos. A palestra acontecerá no dia 16 de setembro a partir das 9:20h. “Na palestra, vou abordar além dos aspectos conceituais de ecologia, metodologias de ação e a prática em monitoramento participativo de rios urbanos, que se apresenta como uma ferramenta de transformação, porque quando uma criança, um jovem está na beira do rio avaliando, monitorando a qualidade de água, monitorando bioindicadores, ela está desenvolvendo seu senso crítico, exercendo sua cidadania”, destacou Callisto.

Reforçando a importância da educação, o professor ainda pontua que sem acesso à educação a sociedade não se desenvolve. “Sem educação a sociedade fica parada e é claro que, infelizmente, parte dos nossos políticos prefere ter uma população que estuda pouco porque se torna mais fácil manipular e fazer com que as pessoas não tenham senso crítico. A educação ambiental é fundamental para o desenvolvimento do nosso país. Sem conhecimento das práticas de conservação de biodiversidade, das práticas de conservação da qualidade da água é impossível ter qualidade de vida”.

Educação para reverter mudanças climáticas

Acreditando que é preciso também capacitar estudantes, professores, membros de comitês de bacias, populações ribeirinhas no sentido de conhecer as águas do São Francisco, o professor lembra que o Brasil precisa levar a educação ambiental mais a sério. “Precisamos encarar a educação ambiental como prática de mobilização, consciência de cidadania, visando um país melhor. Hoje, todos nós já estamos sofrendo os efeitos das mudanças do clima no planeta que estão relacionadas à mudança de temperatura, ao derretimento de calotas polares, às mudanças na cobertura do solo, ao aumento da concentração de nutrientes em rios urbanos. Com o crescimento das cidades, cada vez mais pessoas vivem próximo à água, com isso modificando a cobertura do solo, levando mais sedimentos e nutrientes para dentro dos rios urbanos. A eutrofização de águas urbanas é um processo relacionado às mudanças climáticas que acontece muito mais rápido do que o aumento da temperatura do planeta, além disso, as mudanças no regime de chuvas onde temos chuvas mais concentradas, volumes maiores em reduzidos períodos de tempo tem provocado grandes catástrofes em áreas urbanas, devido a impermeabilização de superfícies que são mais cobertas por asfalto e cimento do que por solo e áreas plantadas”, explicou, lembrando que a espécie humana utiliza quase três vezes o volume de matéria prima que o planeta é capaz de oferecer.

“As mudanças climáticas não são algo do futuro, nós estamos sofrendo já hoje os seus efeitos e a forma de tentar reverter isso é com a educação ambiental. Consciência e exercício de cidadania em um país como o nosso é algo urgente”, finaliza.

Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante
*Foto: Edson Oliveira